sábado, 7 de março de 2015

Tanto grão, tanta luz…. Mas tanto amor!


Há muito tempo que não venho aqui e há muito tempo que não o faço com a devida assiduidade. Mas também não o posso prometer porque, infelizmente, neste momento não tenho meios para o fazer.

No período da primavera e verão do ano passado fizemos imensas coisas, muitas delas dignas de se partilhar e divulgar por aqui. Planeio faze-lo à medida das minhas possibilidades. Prometo!
Desde os crafts, às atividades com as crianças, aos passeios e eventos culturais, muito temos feito e descoberto. A titi, por sua vez, sempre que possível, faz o seu registo fotográfico.
Não costumo publicar imagens tão expostas quanto esta, pelas razões óbvias, nem tão pouco nítidas porque a fotógrafa costuma ser tão exigente e perfeccionista que não o permite. Mas a verdade é que a achei ideal para ilustrar o que eu hoje gostaria de transmitir.

A vida tem-me ensinado muitas coisas, muitas vezes de maneiras muito dolorosas, diga-se de passagem. Mas uma das lições mais sábias é que “não há vidas nem situações absolutamente perfeitas” – admito-o!
Lembro-me de debater isto com a minha irmã na minha juventude. Eu achava que era possível alcançar a perfeição, se não em tudo, pelo menos em algumas coisas a que nos dedicássemos verdadeiramente. Já ela dizia-me que não acreditava na perfeição, e que mesmo quando ela é aparentemente demonstrada, trata-se de uma farsa, porque na verdade ela não existe. Podemos vivenciar momentos perfeitos, mas eles são como que “eclipses”, que assim como vêm, vão. E discutíamos isto muitas vezes. Eu vivi muitos anos à procura da perfeição em tudo o que fazia, mas ao longo do tempo fui-me confrontando com esta realidade. Por mais que queiramos alcança-la, parece que nunca fazemos o suficiente para tal. Escapa-nos sempre qualquer coisa, há sempre variáveis que não controlamos, parece que nunca lá chegamos. Então restam-nos duas opções: ou frustramos ou nos adaptamos. Eu demorei muito, mas depois de muito frustrar, resolvi adaptar-me! E isto, na prática, significa o quê? Penso que significa que devemos valorizar o que temos de muito bom na vida e “atirar para trás das costas” o que temos de menos bom. Como digo aos meus filhos… “temos tanta sorte!!!”.


Então, esta imagem serve para assinalar isto mesmo. Para mim ela é perfeita, porque espelha o que hoje temos de melhor. Cheia de grão, cheia de luz, desalinhada, tão pouco nítida… tantos defeitos… mas vê-se nela tanta alegria, tanto afeto, tanto amor. E isso é o que importa na verdade, o amor! Só o amor constrói momentos felizes e esses são os momentos perfeitos!







Para muuuuuito mais do que amamentar e posicionar o bebé!


Uma colega e amiga lançou-me o desafio: fazes-me uma almofada de amamentação com enchimento de esferovite? Ooooops! Nunca fiz, mas claro que sim!!!
Foi uma loucura! Completa loucura!!!
Tudo correu bem, sem grandes dificuldades. Um molde diferente, um procedimento diferente pelas características do tecido, mas tudo bem. O pesadelo foi encher…
Eu até sabia como se deve fazer. Porque tenho um pufe e já me foi ensinado o método de enchimento com esferovite. Mas como não tinha nenhum rolo de papel de cozinha, resolvi improvisar. O resultado foi óbvio, bolinhas de esferovite por todo o lado, só me apetecia fugir e nunca mais aparecer. Foi um desespero!!! Até nos intervalinhos da verga das cadeiras elas se enfiaram e não havia maneira de as tirar de lá, malditas bolinhas.

Enfim… foi uma grande aventura, mas o resultado final foi positivo. Ficou bonita e a grávida aprovou!

Literatura infantil e juvenil

Houve tempo em que, cá em casa se ansiava pela hora em que a mãe contava uma história… Agora é o tempo em que a mãe pede à minacamina que conte as suas histórias!
Nem sempre este pedido é acedido com facilidade. Muitas vezes tem mesmo de se negociar. Ler é bom, e ela já o consegue fazer, mas ainda exige um esforço grande e por isso é sempre melhor que seja o outro a faze-lo.
Então, vamos lá partilhar as nossas estratégias…

Por onde começar?
Podemos sempre pedir às crianças que comecem por ler os livros infantis, cujas histórias elas já conhecem por todas as vezes que ouviram a mãe ou a titi contar. É um bom ponto de partida na medida em que a familiaridade é facilitadora mas, nesse caso, não estarão a descobrir! Não estarão a fazer a sua primeira leitura, a sua interpretação e a criar a sua própria imagem da história que estão a ler. Há crianças que, mesmo antes de saberem ler, já gostam de simular a leitura indicando o texto com o dedinho enquanto a mãe lê, tentando associar a palavra escrita à falada, sobretudo quando ela aparece muito repetidamente, ou brincando a fazer de conta que contam histórias uns aos outros, aos bonecos ou aos amigos imaginários (uma delicia!). O francisquinho é muito assim. Estas brincadeiras, que surgem espontaneamente em crianças “mais leitoras”, sugerem um bom desenvolvimento do interesse pela leitura, e não só.
Entretanto podemos ir introduzindo outros infantis, que não pertençam às estantes cá de casa. Ir à biblioteca, fazer um cartão de leitor e requisitar um livro por um período de uma semana, é bastante pedagógico. As bibliotecas estão cada vez mais “dinâmicas”, oferecendo frequentemente sessões de leitura, atividades e ateliês especialmente pensados para as crianças e famílias. Para além de servir para aprenderem que para conhecer e explorar não é preciso “ter”, estas experiências servem também para aumentar o leque de livros a que podem ter acesso e a responsabilidade de cuidar deles e devolve-los com responsabilidade.
As livrarias também têm investido significativamente nos espaços infantis. Ir à livraria é, normalmente, uma verdadeira diversão. Afinal podemos ver os livros, contar as histórias uns aos outros e brincar…

Depois há que graduar…
Comecemos então pelos infantis, com pouco texto e muita ilustração, palavras-chave ou expressões fortes, com significado para as crianças e que surgem muito repetidamente, como é o caso de: “Alto lá!”, no “Cuquedo” ou “Um Grufalão é um Grufalão, não conheces, não?!”, no livro “O Grufalão”. Às tantas, já as sabem de cor, antecipam-se à nossa leitura, é muito engraçado!
Eu não nutro especial simpatia pelos livros baseados nas personagens de desenhos animados, gosto muito dos que a titi nos trás, com temas que suscitam brincadeiras, debates, conversas, aprendizagens criativas.



Mas adiante, não me vou entusiasmar porque isto dava uma tese!!!
Depois desses, quando a criança já conseguir fazer uma leitura mais fluente e demonstrar maior resistência/tolerância à exigência da leitura, podemos então introduzir os livros juvenis. A impressão que eu tenho é a de que há muito mais oferta de livros infantis do que de livros juvenis. Mas não sei se, efetivamente, esta impressão corresponde à realidade ou se é apenas por ainda não estar tão familiarizada com o mercado desta categoria. Ainda assim, há juvenil para “iniciados” e juvenil para “avançados” e, naturalmente, devemos começar pelos que, mesmo tendo temas para o interesse dos mais crescidos, continuam a ter muita ilustração (se divertida, tanto melhor), capítulos pequeninos e uma escrita caracterizada por vocabulário simples, frases curtas e ideias claras e objetivas.

Cá em casa começámos pelos divertidos
“As histórias de Henriqueta a melhor do Planeta”, de Martine Murray, Editorial Presença
Não estarei a exagerar se disser que a maior parte da história é contada pelas divertidíssimas ilustrações e pela forma como se articulam com o texto. Com um design tão dinâmico, não há forma das crianças se aborrecerem!” Henriqueta” é uma menina cheia de energia e criatividade, que adora dizer palavras caras, muitas vezes inventadas por si, e que, como quase todas as crianças, trata os amigos pelos seus “nome e sobrenome”. Bem que eu gostava de saber porquê!!! Os temas giram muito em torno do universo de uma criança, o real que corresponde ao seu contexto familiar e escolar, e o imaginário. E este último, neste caso, é verdadeiramente grande e divertido.





“O Diário de Lisa BUM – Agente secreta em ação”, de Emily Gale, Booksmile (editora)
À semelhança do anterior, este livro é também muito suportado pelas ilustrações criativas, dinâmicas e pouco convencionais. A personagem “Lisa BUM” é também muito divertida e imaginativa, mas o facto de se tratar de um diário faz com que se introduza o conceito de capítulo. Isto facilita o estabelecimento de uma meta de leitura mais objetiva, o que no caso de livros como o anterior poderá ser feito, mas de forma mais subjetiva e de acordo com a tolerância da criança. Ainda assim, se virmos que é muito difícil para a criança ler um capítulo por dia, podemos alternarmo-nos. Nós usamos muito esta estratégia. Quando a minacamina está cansada, nós (adultos) intercalamos com a nossa leitura de uma ou duas páginas, e assim vamos avançando até ao final do capítulo. A nossa leitura, por norma, sabe-lhes melhor. A entoação dá-lhe uma dinâmica que eles, nesta fase, ainda não conseguem criar, mas que apreciam bastante. Este “intervalo”, esta “música” (chama-se prosódia), este “empurrãozinho na história”, para além de lhes dar um pequeno descanso, volta a espevitar a curiosidade e o interesse pela história, dando um incentivo para continuar, pelo menos até ao fim do capítulo. E depois? Amanhã há mais!



 "O menino Nicolau”, Sempé e Goscinni, da Teorema (editora)
Uma coleção de histórias, qual delas a mais divertida! O menino Nicolau é uma criança caprichosa, perita em deixar os outros em apuros, sobretudo o seu pai. Lembro-me de ter lido estes pequenos livros quando era pequenina e das minhas gargalhadas serem de tal modo contagiantes, que toda a família acabou por querer lê-los, desde o meu pai, à minha avó! Agora, para além de serem um bom incentivo à leitura para a minacamina, estes livros são também uma forma de nós (adultos) nos recordarmos do quão nos divertimos a lê-los no passado.

“Minnie & Friends” ou outros do género, desde que atuais (por causa do PT do Brasil)
A banda desenhada, apesar de nunca ter sido o meu estilo favorito, continua a cativar bastante as crianças. As histórias contadas em quadradinhos lêem-se rapidamente e, normalmente têm enredos divertidos. Como já disse, pessoalmente não sou grande apreciadora dos livros baseados em figuras de desenhos animados, mas tenho de admitir que poderá haver situações em que isso funcione como um incentivo para a leitura da criança. Se assim for, vale tudo! 

Variar para não enjoar
A seleção do livro e as estratégias a adotar neste processo de integração do hábito de leitura deverão depender sempre da criança ou da fase em que se encontra. Não há receitas! Pode haver situações em que a criança está tão entusiasmada que não descansa enquanto não chegar ao fim da história, outras em que gostou tanto que quer ler outro livro da mesma coleção ou personagem, ou outras, em que esteja a ler um livro um pouco mais “denso” e por isso, talvez possa ser positivo ir alternando com outro ou outros livros. Seja como for é sempre bom que eles estejam ali, à mão de semear, acessíveis e sempre prontos a relembrar que ler é bom, inspira-nos para sonhar!
  


 Com tudo isto, resta-me lembrar, que eu não sou escritora, pedagoga nem pediatra. Sou mãe de duas crianças e terapeuta ocupacional pediátrica. Estou treinada a analisar as atividades de forma a favorecer o desempenho, o envolvimento e a participação das crianças nelas. As ideias que aqui partilho resultam da minha vivência que, nesta área em particular, tem sido significativamente enriquecida pela “titi” dos meninos e seus gostos, interesses e conhecimentos de literatura infantil e juvenil. Temos descoberto e aprendido tanto com todos estes livros, que cada vez gostamos mais deles. Não consigo evitar a partilha deste prazer com as crianças e com todos os que me rodeiam!